terça-feira, 28 de abril de 2009


Conclusão

Estamos prestes a concluir o inconcluso. Na verdade quanto ao design gráfico todas as descobertas ainda estão por vir, é isto é dito baseado em uma crença relativa na inventividade humana que mantendo este padrão efetivo, já a questão do negro... esta está apenas começando.

Nossa reflexão se refere a quanto o design pode estar auxiliando em uma luta de proporções herculanas e parametrada por paixões arrasadoras. Design é, para seus praticantes, essência e processo, é postura e opinião, é ideologia e distanciamento. É um canal de comunicação com o povo e a massa. É como diz a música, “sentir o prazer das massas e das maças. Poderíamos passar anos em discussões sobre a finalidade em si do design e da propaganda, mas preferimos neste espaço reservado para momentos finais e rompantes de crença, afirmar que tanto um como outro não fazem parte de um processo através do qual se vende a alma ao demônio, nem transforma-se o homem em número e dados de venda. Preferimos dizer que design e propaganda é o prazer de poder dar forma visual a tudo aquilo que faz parte do dia-a-dia, seja através de cartazes de filmes manifesto, caixas de charutos socialistas ou comunistas – seja lá o que for, embalagens de sorvetes cujos nomes não tem significado mas existem e atendem necessidades distintas, capas de livros que mesmo para um país de semi-analfabetismo arrasta, vez por outra, uma criança à leitura. Gostamos da idéia de achar que quando se faz um cartaz de uma mão negra empunhando um pedaço de madeira em demonstração de agressão contra o sistema opressor, mesmo neste material temos arte e vida vibrante. Sentimos orgulho em ver que temos nossas palavras e cores tropicais ganhando prêmios em festivais de cidades francesas, com o público não entendendo mas achando de plasticidade única. Achamos indescritível o prazer de ver uma nova embalagem do mesmo velho produto e refletir acerca de como a tecnologia participou do processo. Achamos que estamos quase lá quando vemos finalmente produtos de beleza para peles negras com embalagens onde predominam os dourados elegantes.

Talvez uma conclusão não devesse ser tão apaixonada e talvez coisas tão efêmeras não devessem despertar tantas idéias, mas o fato é que a vida simples e real que a grande maioria das pessoas, também simples, levam não passa pelos textos que atribuem valores caucasóides, negróides ou seja lá o que for, às pessoas, mas certamente passa por gôndolas de supermercados e pelas telas dos jornais nacionais onde estupefatos vêem a pele quase negra do apresentador – eis uma vitória.

Nossa identidade se constrói dessas inconsistências, desses desmandos, dessas cores únicas, dessas palavras e dessas formas que entendemos. Nossa identidade cultural ainda é antropofágica – graças a Deus – e por isso somos capazes de ver o novo de Milão e criar o muito mais novo brasileiro.

Nossos ícones são vivos e requerem uma vivência. Vivência que nos faz chamar de maracujá o que os sherifs chamam de passion fruit, exótica fruta cuja ilustração em uma embalagem de refrigerante (sim, refrigerante, pois lá existe...) mais parece uma ameixa roxa grande e meio podre.

Se existe um designer que defenda os olhos do povo e busque o belo que ótimo. Se isto é feito por dinheiro não no comove nem impressiona. Se envolve a proposição de compra de algo existe o livre arbítrio e acrença cega que o homem não será conduzido jamais, a menos que haja lá no fundo o vontade de fazê-lo.

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